terça-feira, 23 de março de 2010

Não é SPAM



Engraçado como notícias se espalham como vírus nessa era digital. Cuidado! Algumas contém vírus mesmo. Não me refiro aos programinhas para destruir seu computador. Esses são chatos, mas já temos informação suficiente para nos defender. O que não temos informação para nos defender é sobre nossa própria história.
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Tenho recebido uma série de e-mails relatando casos terroristas acontecidos entre 1964 e 1985. O último contava de um pobre fuzileiro muito prestativo que "teve a vida brutalmente ceifada... em um atentado terrorista vil e covarde posto em prática por grupos radicais de esquerda, formados por muitas pessoas que estão no poder hoje". A conclusão mostra que ele não teve "a menor chance de defesa", pois estava de costas ajudando vítimas de uma colisão entre carros quando uma bomba "despedaçou seu corpo".
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Toda morte é lamentável. Sendo brutal ou não, nossa humanidade não nos permite - ou não deveria - passar por uma informação dessas indiferentemente. Como se diz: um erro não justifica o outro, mas, se a intenção é comover a população para crimes que ocorreram na época, seria interessante falar também de tantas pessoas que não tiveram chance de se defender porque estavam amarradas enquanto eram torturadas, mutiladas ou estupradas pelo governo ditatorial vigente na época. Não se pode descrever seus cadáveres, nunca foram vistos. Jazem indigentemente em covas rasas.
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Também é lamentável ver a falta de argumento e o desespero sensacionalista com que um assunto sério está sendo tratado. Nunca foi segredo que quem está no poder hoje veio da esquerda. Foi escolha do povo duas vezes. Também não é segredo que quem está no poder tenta mantê-lo no mesmo caminho indicando seus sucessores. Reza a democracia que o povo decida seu próprio destino político.
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Mais do que lamentável, é vergonhoso descobrir que a grande massa brasileira não pode decidir seu futuro porque não conhece seu passado e há muito que não recebe educação para discernir informações e questionar suas fontes. Esta mesma educação esteve em desenvolvimento com a Reforma Capanema e manteve-se como foco até o governo Jango, onde a ditadura militar se instaurou ceifando a democracia e usando a educação como forma de controle social. Então, quem é subversivo: aquele que derruba a democracia ou quem quer reavê-la? Se o tanto que aprendemos sobre o Brasil colônia e império na escola já é questionável, imagine o pouquíssimo que vemos sobre o Brasil república!
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Não considere este texto como apologia política, mas um convite à buscar fontes alternativas sobre o tema BRASIL. Se o ensino institucionalizado não promove este conhecimento, contamos com sorte e boa vontade para que a curiosidade nos salve com nossas próprias conclusões.
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Um comentário:

Fernando Santana Jr disse...

Concordo que devamos agir de maneira coerente com a nossa história, mas também acredito que agir de maneira democrática e querer , de fato, restaurá-la é agir de forma equânime.




Quero dizer, sem uma política baseada puramente em vingança. Isso é besteira... E, cá entre nós, existe mesmo democracia em um ambiente com tamanha alienação? Melhorar a educação seria conformá-la de acordo com ideais políticos ou torná-la de fato universal e plena?




É nisso que temos que pensar afim de promover uma pedagogia voltada realmente a gerar seres pensantes dotados de diferentes idéias e ideais ao invés de massas de manobra em diversos níveis de um determinado grupo detentor do aparelho estatal.



Beijos Marcella,)