Em uma breve atenção à qualquer discurso percebe-se sua qualidade e muito sobre quem o pronuncia através dos sujeitos usados.
O "eu" é o campeão, a primeira pessoa. Seu uso excessivo pode significar para os "psi-chatos" de plantão uma necessidade de ser visto nesta concorrência desleal que é nosso convívio, pois o "eu" tem um rival muito forte: "o outro eu". Não, não estou sendo lacaniana, longe de mim! Descobri que não tenho capacidade de abstração suficiente para entender Lacan. Apenas me refiro aos outros seres humanos que tem a mesma necessidade e estão muito ocupados com seus "eus" para perceber o "eu" dos outros.
O "eu" só é sobreposto em um discurso quando se faz conveniente usar um "nós". Isso acontece quando o "eu" não se sente forte o suficiente. Ele usa o "nós" para ganhar corpo e quando isso acontece, o "nós" é desvalorizado e o sujeito reforçado volta a ser "eu".
O "tu" ou "você" é usado como afastamento. É normalmente acompanhado do dedo indicador em riste - aliás, o nome do dedo já diz tudo. O "você" é um grande dedo-duro, um acusador, aquele que como se quisesse lançar uma mágica, joga tudo através do tal dedo em direção ao outro. Claro que esse poder é destruidor.
O "ele" e seu plural são os mais covardes de todos! Também acompanhados pelo dedo, indicam alguém que nem está na conversa. Uma terceira pessoa, onde não se extende o DIálogo.
Para indicar "eu" o tal dedo aponta aos céus mostrando sua soberania. Por isso, mesmo nunca tendo gostado de estudar portugês, vejo como é importante analisar o sujeito das orações e nas minhas, a parte que mais se intensifica é: "não nos deixe cair em tentação e livra-nos de todo o mal. Amém!"