quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ojeriza


Adoro ver aqueles adesivos “quanto mais gente eu conheço, mais eu gosto do meu cachorro”. Dá certo conforto por saber que existem pessoas tão preocupadas com os animais e desacreditadas no ser humano quanto eu. Mas a gente não pode desistir, não é mesmo?

Bom, hoje aconteceu a mais bizarra de todas as coisas egoístas de que eu já soube a existência. Pego o ônibus no mesmo “bat-local”, no mesmo “bat-horário” com os mesmo “bat-motorista” e “bat-trocador”. Eles são supereducados e o trocador chama minha atenção por ser um leitor compulsivo, principalmente de HQ’s, além do sorriso sincero que acompanha o “bom dia” às 8hs. Já até mandei um e-mail para a empresa felicitando o trabalho deles.

A inacreditável viagem de 1:40h do Cachambi ao Centro com o carro vazio começou bem e quando chegou à Praça da Bandeira, notei uma inquietude. O trocador desceu, atravessou a pista cochichou com o rapaz da farmácia e entrou no bar. A esta altura não foi difícil perceber que ele não estava passando bem. Ficamos uns poucos minutos esperando. Como ele não voltou, o motorista parou o ônibus seguinte, igualmente vazio, e avisou que poderíamos trocar de carro, caso preferíssemos. A cordialidade das pessoas que dividem aquele momento diariamente formou uma fila para entrar no outro ônibus e foi quebrada apenas pelos brados deseducados de duas senhoras tentando passar na frente das pessoas. Foram as últimas a sair por terem preferido brigar com o motorista e culpar a leitura do trocador por seu estado de saúde.

“Péra aê, né”!? Com partes desordenadas, pensemos nessa atitude:
1. Como se já não fosse a leitura uma prática pouco comum, agora ainda vai ser criticada?
2. Se eu, que tenho memória de ameba e a atenção de uma minhoca, percebi que o homem lê no ônibus todos os dias, isso não deve ser um problema pra ele, certo?
3. A saúde do gentil trocador não deveria ser mais importante do que o conforto das pessoas?
4. Para que reclamar se as pessoas não foram lesadas em absolutamente nada?
5. A fila é um costume e deve ser socialmente respeitado. Principalmente, pela impossibilidade de dois corpos ocuparem o mesmo lugar no espaço.

Como se já não bastasse o mau-humor matutino pela rotina infindável, ter que aturar este tipo de involução me fez justificar ser humana e ficar feliz pelas duas serem as únicas a ficar em pé no outro ônibus.
Vinte minutos depois chegamos ao ponto final.

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Adendo


Hoje é aniversário da minha amiga, filha, companheira e confidente. Quem me dá carinho, preocupação, muitas risadas e algumas tristezas pelas destruições. Quem me socorre quando acordo de pesadelos e me protege enquanto durmo.

Apesar dela não entender direito do que se trata, eu entendo a felicidade tê-la há seis anos, pois, apesar de estar rodeada de amigos e parentes muito especiais, ela está ali o tempo todo incondicionalmente feliz.

Só quem tem uma relação assim consegue conceber. Espero que todos se permitam uma experiência semelhante um dia.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Minguante

Imagem: "Lair and Ringo" de Kurt Halsey

Queria que o tempo parasse
Que a vida fluisse
As pessoas se amassem
Que alguém me visse

Queria ter paciência
Talvez resignação
Não ter resistência
Ao ouvir um não

Queria transbordar
Caber em algum lugar
Não ter que calar
E poder ajudar

O que tenho é cansaço
Vontade de sumir
Se não acertar o passo
Que eu saiba desistir

terça-feira, 20 de abril de 2010

Alta Fidelidade


Li esse livro há muito tempo atrás. Depois virou filme. Tudo nele é lindo! Conta a estória do dono de uma loja de discos de vinil sem sorte no amor. Entre os diálogos maravilhosos, ficava ansiosa pelas listas de “Top 5” que o personagem principal faz de tudo, sua forma de analisar a própria vida. Me identifiquei muito com ele, contudo as listas musicais eram as minhas preferidas.

Ainda com alguma dificuldade visual – explico quando estiver tudo bem -, tenho estado ainda mais apegada à música e desenterrando algumas do fundo do HD. Me permitirei a pretensão de um plágio a Rob Gordon e, mesmo não tendo a cultura musical dele, também farei minhas listas Top 5 musicais. Apesar de ser alguma coisa muito difícil pra mim, até porque minha memória não ajuda a lembrar nem das músicas que gosto muito, me comprometo com o esforço de restringir e classificar, mas não garanto uma data de validade estendida à elas. Sabem como é, música é estado de espírito! Ainda que continuem no meu HD, ou em uma parte oculta de mim, algumas podem ser ouvidas com mais ou menos freqüência.

Musica para:

Cortar os pulsos (minhas favoritas!)
1. How to Disappear Completely – Radiohead
2. Don’t Let me Down - Beatles
3. Down in a Hole – Alice in Chains
4. Creep – Radiohead
5. Footsteps – Pearl Jam
Bônus Track: Inside of Love – Nada Surf

Ficar feliz:
1. Hang on to This – Days of the New
2. Feeling Good - Muse
3. Wide Awake – Audioslave
4. I Will Survive - Cake
5. Brand New Star – Little Joy

Se arrumar pra sair:
1. No One Knows – Queens of the Stone Age
2. Heart in a Cage – Strokes
3. Mr. Brightside - Killers
4. Julien - Placebo
5. Undisclosed Desires - Muse

Viajar:
1. Slow Emotion Replay – The The (keeeeel)
2. Go With the Flow – Queens of the Stone Age
3. O album “Dust” – Screaming Trees (falei que era difícil restringir)
4. Smile – Pearl Jam
5. That is a Light That Never Goes Out - Smiths
Bônus Track: Pokin' Around - Mudhoney

Fazer revolução
1. Revolution – Beatles (claro!!!)
2. Helter Skelter - Beatles
3. Bullet in the Head – Rage Against the Machine
4. Queen Anne’s Revenge – Flogging Molly
5. The Importance of Being Idle - Oasis

Boa que chega a dar raiva
1. Quase todas do Days of the New
2. Juicebox - Strokes
3. Halo of Ashes – Screeming Trees
4. Golden Retriever – Super Furry Animals
5. Bad Things – Jace Everett

Refletir:
1. Sleight of Hands – Pearl Jam
2. Sunburn - Muse
3. Through the Roof and Underground – Gogol Bordello
4. That is a Light That Never Goes Out - Smiths
5. The Masterplan - Oasis

Dedicar pra alguém:
1. Plug in Baby – Muse
2. La Même Histoire – Feist
3. Look at You – Screeming Trees
4. Love Song - Cure
5. Walking After You – Foo Fighters

Ouvir Ébrio (pra não pegar mal)
1. Plush – Stone Temple Pilots
2. Alive - Pearl Jam
3. Un Elephant me Regarde – Antoine
4. 1979 – Smashing Pumpkins
5. Comedown - Bush
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Cantar gritando:
1. Reviewmirror - Pearl Jam
2. Time is Running Out - Muse
3. Rock'n'roll Queen - The Subways
4. Just Like Heaven - Cure
5. This Time - 3 Doors Down

Roubei um pouquinho nas minhas listas, mas convido todos ao exercício e a publicarem suas listinhas nos comentários. Sugiram novos temas de listas também!

Jú, quero ver suas listinhas. A
juda a passar o tempo =)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Toca Raul!!!


Outro feriado, mais uma pesquisa: Rio-Buenos Aires. Um amigo disse que gosto de pesquisar preços de passagens. Como dizia o músico: "quem não tem colírio usa óculos escuros". Trabalhador é assim mesmo, se não tem dinheiro para viajar de corpo, que seja em espírito. Desenvolvi a capacidade de me desprender do meu corpo físico e ignorar coisas ruins. Muitos anos de trabalho... Não me refiro a técnicas de relaxamento, viagens astrais ou drogas, é uma prática que pode ser desenvolvida por qualquer pessoa que esteja "de saco cheio" em um lugar confortável.

Aprendi muitas coisas maravilhosas com meus Professores - aqueles com letra maiúscula. Uma, em especial, é muito útil. Olhe para os olhos de alguém. Agora, imagine uma paisagem. A pessoa vai se sentir o máximo com a atenção que está recebendo e você satisfeito com o que estiver imaginando. Costumo usar uma praia. Para os enamorados a técnica é perfeita. Caso seu momento nirvana seja seguido de uma pergunta, você poderá responder: "estava pensando na sorte de ter você". Ohhhhhhh!!!! Por mais que seja piegas e que a outra pessoa não acredite, é muito bonitinho e tira qualquer um da "saia justa". Com o chefe já não vale, mas pode ser substituída por "Pensava em uma solução, mas o problema é complexo. Preciso analisar melhor". Qual chefe não gostaria de ouvir tal empenho? Se você estiver sozinho é ainda mais divertido. Existe a possibilidade de criar situações e diálogos em sua paisagem. Só não vale fazer como a louca que vos fala e se pegar rindo sozinha no ônibus.

Voltando à pesquisa, me deparei com uma conta que nem Oswald de Souza seria capaz de explicar. Como boa pobre que sou, lógico, fui no menor valor. Ida e volta Rio-Buenos Aires por U$281 em 5 vezes sem juros! "Acho que dá", me precipitei. Saio do Rio dia 02.06 às 09:45 e chego às 20:40 em Buenos Aires depois de cinco horas de espera e uma transferência de aeroporto. O tempo deve considerar o transito de São Paulo. Tranquilo, em relação à volta dia 06.06 de 21:55 às 13hs do dia seguinte. Para caber no feriado tenho que tardar a ida e antecipar a volta em um dia. Chego dia 03 à noite e volto dia 05 no mesmo horário. Tenho dois dias inteiros para conhecer Buenos Aires e mais dois dias de caos aéreo para me irritar novamente. Melhor ir para Cabo Frio! Se gasta menos. É assim que se provoca um engarrafamento homérico.

Por falar em viagem, ao contrário das pessoas ditas "normais", considero acampar como primeira opção. Rotina "chata" essa de acordar, trilha, cachoeira, almoçar, ficar no rio, banho e roda de violão. Mesmo se você não tiver habilidade musical, é fácil fazer novas amizades e ser bem vindo no grupo alheio. Admito as marcas nas pernas não negam os mosquitos viciados em repelente e formigas alcoólatras que decidem construir moradia em volta da sua garrafa de cachaça. Pelo menos esterilizou a mordida. Acordar assando com a barraca no sol também não é legal. Para essa não tenho argumentos... Mesmo assim! Estar com amigos, cochilar na pedra, com o pé na água, voltar renovada e com a certeza de que você não precisa de quase nada para ser feliz é mais que suficiente. Se tudo der errado, daqui há alguns dias você pode contar o perrengue para todo mundo e dar boas risadas.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Em Panos Limpos


Divulgo manifesto dos moradores das favelas de Niterói, vítimas das chuvas no Rio.

Nota de esclarecimento

Nós, moradores de favelas de Niterói, fomos duramente atingidos poruma tragédia de grandes dimensões. Essa tragédia, mais do queresultado das chuvas, foi causada pela omissão do poder público. Aprefeitura de Niterói investe em obras milionárias para enfeitar acidade e não faz as obras de infra-estrutura que poderiam salvarvidas. As comunidades de Niterói estão abandonadas à sua própriasorte.

Enquanto isso, com a conivência do poder público, a especulaçãoimobiliária depreda o meio ambiente, ocupa o solo urbano de mododesordenado e submete toda a população à sua ganância.Quando ainda escavamos a terra com nossas mãos para retirarmos oscorpos das dezenas de mortos nos deslizamentos, ouvimos o prefeitoJorge Roberto Silveira, o secretário de obras Mocarzel, o governadorSérgio Cabral e o presidente Lula colocarem em nossas costas a culpapela tragédia. Estamos indignados, revoltados e recusamos essa culpa.Nossa dor está sendo usada para legitimar os projetos de remoção eretirar o nosso direito à cidade.

Nós, favelados, somos parte da cidade e a construímos com nossas mãose nosso suor. Não podemos ser culpados por sofrermos com décadas deabandono, por sermos vítimas da brutal desigualdade social brasileirae de um modelo urbano excludente. Os que nos culpam, justamente nomomento em que mais precisamos de apoio e solidariedade, jamaissouberam o que é perder sua casa, seus pertences, sua vida e suahistória em situações como a que vivemos agora.Nossa indignação é ainda maior que nossa tristeza e, em respeito ànossa dor, exigimos o retratamento imediato das autoridades públicas.Ao invés de declarações que culpam a chuva ou os mortos, queremos ocompromisso com políticas públicas que nos respeitem como cidadãos eseres humanos.

Associação de Moradores do Morro do Estado - Associação de Moradores do Morro da Chácara - SINDSPREV/RJ - SEPE–Niterói - SINTUFF - DCE-UFF - Mandato do vereador Renatinho (PSOL) - Mandato do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) - Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (APAFUNK) - Movimento "Direito Para Quem?" - Coletivo do Curso de Formação de Agentes Culturais Populares - Revista Vírus Planetário

Fonte: http://direitopraquem.blogspot.com/

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Tudo a Ver

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Apesar de não ser um blog político, me permito referências repetidas ao tema Ditadura Militar por motivos pessoais - é meu tema de interesse acadêmico - e porque considero importante divulgar fatos de um período que modificou os rumos do Brasil, já que o ensino formal na maioria das vezes não fornece este conhecimento.
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Mesmo com algumas restrições à fonte da notícia, merece ser divulgada a visão da direita da época para que se possa pensar no que foi o período e que ele deve ser conhecido para que não se repita. Infelizmente, a situação de violência que vivemos atualmente tem tornado mais comuns comentários ovacionando o período em questão e esquecendo de toda a repressão e sensura que gente de bem teve que enfrentar.
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General diz que supostos torturados na ditadura só querem ganhar bolsa
Ex-comandante do DOI-CODI falou sobre os 25 anos do fim do regime militar.
Edição 03/04/2010 - Publicado em 04/04/2010 - 11h02
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O general Leônidas Pires Gonçalves diz que muitas pessoas se dizem torturadas para ganhar a Bolsa Ditadura e que ninguém foi preso injustamente durante o regime militar no Brasil. Ele não se arrepende de dizer que os exilados, como Fernando Henrique Cardoso, são na verdade fugitivos.
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Clique aqui e assista a entrevista completa.
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Destaque para as seguintes falas:
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"Os atuais homens que estão no poder deveriam nos agradecer de joelhos ter feito a revolução de 64. Se nós tivessemos um regime de governo comunista... todos eles já teriam morrido"
É uma verdade, pois se os planos reformistas de João Goulart tivessem sido concretizados, a população culta e politizada teria ferramentas para se defender de tamanha concentração de poder
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"Com muita dor para ambos os lados nós conseguimos chegar ao que chegamos hoje no Brasil que é hoje uma democracia. Pouco autoritária, mas é."
Qual o fundamento de se fazer uma revolução em um sistema democrata para se atingir uma democracia? O que é uma democracia autoritária?
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"O soldado é o cidadão de uniforme para o exercício cívil da violência"
Mesmo com o desconforto que o uniforme e os fuzis causam quando os encontramos nas ruas, os militares não deveriam proteger os civis?
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Completando o assunto - e prometo tentar ficar um tempo longe dele :) - segue uma pequena pesquisa feita no dia 01.04.10.
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Hoje se completam 46 anos do Golpe Militar que interrompeu o processo de desenvolvimento para o qual o país se encaminhava com o governo de João Goulart. Como parte de minhas pesquisas sobre o assunto, busquei uma lista com os jornais de maior circulação no Brasil1 com intuito de verificar o fluxo de informação sobre este assunto na mídia.
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Os resultados2 foram o seguinte:
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Folha de São Paulo - SP
Sem notícias sobre o assunto
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Jornal Super Notícia - MG
Sem notícias sobre o assunto
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Jornal Extra - RJ
Contúdo encontrado do Jornal "O Globo"
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Jornal O Globo - RJ
Não se reconcilia uma nação sem passar sua história a limpo
Debate entre Chico Alencar e Jair Bolsonaro
O golpe cívico-militar foi esquecido
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O Estado de São Paulo - SP
Sem notícias sobre o assunto
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Jornal Meia Hora - RJ
Sem notícias sobre o assunto
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Jornal Zero Hora - RS
Sem notícias sobre o assunto
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Diário Gaúcho - RS
Sem notícias sobre o assunto
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Correio do Povo - RS
Sem notícias sobre o assunto
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Jornal Lance - RJ
Sem notícias sobre o assunto
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Para ampliar a pesquisa, foram incluídos outros dois jornais de grande circulação no Rio de Janeiro:
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Jornal O Dia
Sem notícias sobre o assunto
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Jornal do Brasil
Sem notícias sobre o assunto
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Apesar das diversas tentativas de ampliar o tema feitas pela comunidade acadêmica, alguns setores da sociedade civil e de projetos governamentais, a mídia não se manifesta comprometida com o esclarecimento dos fatos políticos da história brasileira para a grande massa da população. O assunto aparece pautado com mais evidências nas campanhas eleitorais que se iniciaram ontem e obtiveram maior destaque em todos os meios de comunicação.
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Notas:
1. Fonte:
http://www.anj.org.br/a-industria-jornalistica/jornais-no-brasil/maiores-jornais-do-brasil
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2. A pesquisa pelas notícias foi feita através da ferramenta de busca em cada um dos jornais citados tendo “Golpe Militar 64” como palavras-chave. Devido à divergência de alguns intelectuais quanto à data do referido golpe, foram incluídos à pesquisa “Golpe Militar 31 mar 2010” e “Golpe Militar 01 abr 2010”, como palavra-chave. Quando o sítio do jornal oferecia a ferramenta de busca avançada, foi utilizado o seguinte critério: “Golpe Militar” como palavra-chave e refinamento por data de “31.03.2010 à 01.04.2010”.