quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Quem Avisa, Amigo É


Sim! Hoje serão dois posts. Culpa do trânsito. Levei uma hora e vinte minutos do Méier ao Centro (Centro do Rio mesmo!). O calor infernal de oito horas da manhã (!?) não me deixou complementar o sono como de praxe então, tive tempo suficiente para os pensamentos vagarem indiscriminadamente.

Sempre tive muito contato com o universo masculino. Tenho muitos amigos de longa data e a maioria homens, minha relação com meu pai é perfeita e meus avós ainda são meus heróis. Acho que sou até mais compreensiva com os homens do que com meus pares, pois também não tenho paciência para alguns tipos de frescura. Não me refiro as pequenas vaidades essas, todos têm. Me refiro àquelas pessoas que reservam horas, dinheiro e preocupação com a aparência. De qualquer forma, não as condeno, só não quero isso para mim. Com certeza esta prática traz benefícios a estas pessoas. Se elas as consideram um investimento, é porque existe retorno.

Assumo que não é tão fácil ser mulher e confessar-se independente destas preocupações. Os julgamentos brotam por todos os lados, inclusive o masculino. Um dia estava de bom humor e resolvi tentar fazer só o básico. Fui aos cálculos.

Meia perna: R$ 14
Axila: R$ 11
Sobrancelha: R$ 10
Virilha: R$ 25
Pé + mão: R$ 15
Corte de cabelo: R$ 17
Hidratação: R$ 30
Total: R$ 122!!!!!!

Um absurdo!? Ainda tem mais... Porque o ideal é fazer a maioria a cada quinze dias. No fim do mês serão R$ 227!!!!

Eu tinha recebido um e-mail com estas informações e achei que fosse exagero, mas acreditem NÃO É!

Não sei se o melhor dito popular para esse momento é “vontade é coisa que dá e passa” ou “alegria de pobre dura pouco”. Resolvi fazer cálculos mais úteis:

Conta de Luz: R$ 90
Gillette: R$ 6
Livro pro Mestrado no Sebo: R$ 10
Deixar o cabelo crescer: Não tem preço
Total: R$ 106
Sobram R$ 121 para beber com os amigos

Aos homens cabem duas opções:
1. sejam mais compreensivos, paguem os restaurantes, presentes “y otrás cositas más” sorrindo e valorizando suas mulheres pelo que elas fizeram por vocês;
2. sejam mais compreensivos, arranjem uma mais econômica, divirta-se com ela e não reclame.

Mais Sobre Carnaval


Tive a sorte de assistir exatamente o desfile da campeã do carnaval 2010. Depois de ficar estupefata com a criatividade e simplicidade com que o tema foi abordado, me vi torcendo pela escola. Tentei ver os outros desfiles para me certificar que o resultado seria justo, já que a Tijuca não é habitualmente parte das "favoritas". Claro que não consegui cumprir minhas pretensões, mas fiquei feliz com o resultado. O tema era interessantíssimo, mas como a vencedora do grupo de acesso fez apologias ao choque de ordem, acho que um assunto também misterioso poderia ter sido usado no desfile: a ditadura militar.
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Seria interessante ver carros alegóricos e alas retratando o mistério do desaparecimento de pessoas e documentos. Poderia ainda ter uma encenação dos seqüestros, torturas, invasões domiciliares e nas universidades. Imagine a ala das baianas retratando as mães desesperadas com o desaparecimento de seus filhos, uma ala infantil representando os órfãos. Para fechar com chave de ouro, um carro com um telão enorme mostrando as conseqüências sociais que sofremos até hoje por ter vivido e negado esse período. Podiam falar sobre a não inclusão do Brasil no Museu da Memória, inaugurado no Chile, por não ter uma Comissão da Verdade. Claro! Este e tantos outros temas como a exploração na colonização, a escravidão, o massacre indígena, intolerâncias religiosas..., são tratados como detalhes e escondidos na história do nosso país soberano.
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Já que o tema vencedor deste ano foi sugestão de um menino de 15 anos, ai vão várias outras para carnavais futuros. Pobre do carnavalesco Paulo Barros, que já pagou caro por sua ousadia e resistência ao lembrar o holocausto no passado. Seria muito difícil fazer pesquisas sobre a ditadura, pois falta de material disponível. Só seria justo se a repressão realmente tivesse terminado.

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mecanismo de Defesa

O compromisso com o blog foi deixá-lo atualizado, mas sem forçar a escrita, ter espontaneidade e liberdade para trocar experiências simples, porém bizarras, e desconstruir a rotina. O nome Catarse não é à toa. Mas o que fazer quando se quer transbordar e não consegue?
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Depois de tentar escrever sobre a relação entre tempo e dinheiro, amizade, eleição, espontaneidade, amor, capitalismo... a melhor forma de expressão foi recorrer à Munch:

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

É Carnaval!!!


Apesar do conteúdo poético indiscutível de "Mulher", do Neguinho da Beija-Flor, e "Rebolation", promessas de hits para o carnaval 2010, sugiro aqui algumas paródias. Junte-se à multidão, dê sentido aos blocos carnavalescos e divirta-se!
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(Ao rítimo de Cachaça Não é Água Não - Mirabeau Pinheiro, L.de Castro e H.Lobato)
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Se você pensa que cachaça é água?
Cachaça não é água não.
Com cachaça você tem lei seca
Mas com água você "molha a mão"
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(Ao som de Mamãe Eu Quero - Carmem Miranda)
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Mamãe eu quero! Mamãe eu quero!
Mamãe eu quero mijar.
Não tem banheiro, Não tem banheiro.
E na rua o Paes vai me multar.
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(Ao rítmo da Marcha do Remador - Emilinha Borba)
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Se a passagem aumentar, olê, olê, olá!
Eu não vou pagar.
(continuar com a versão popular pode dar mais sentido à música)


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Ônibus II - A Vingança das Viações

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Quando escolhi esse título pensei em fazer uma analogia aos filmes de artes marciais com o ciclo econômico daqui. Essa associação me ocorreu por conta da rapidez ninja da resposta das empresas de ônibus à tentativa frustrada do bilhete único.
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Apesar de estar longe de ser uma solução, até acredito que o bilhete possa ajudar um pouco algumas pessoas, mas fiquei realmente impressionada com as soluções que os empresários criaram para passar a batata quente do prejuízo para as mãos de outros, os trabalhadores, claro! São elas:
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1. Diminuição da frota de ônibus comuns e aumento da quantidade de carros com ar, mais caros e não contemplados no benefício;
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2. Aumento de 6% nas passagens metropolitanas. Tenho vergonha de calcular a média das intermunicipais.
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Uma mão lava a outra... e as duas esmagam o povo. Cogito qual a mente perversa que sugere uma solução dessas. Seria o anticristo? Talvez, um sujeito desses não tem mãe. Nem pai! É filho das chocadeiras a que são submetidos os ovos aguados produzidos nas granjas mercenárias - papo para outro post.
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Bom, confesso que comecei a escrever sobre o assunto. O estômago foi embrulhando, causou certo nojo. A gastrite deu um alerta, a azia queimou... melhor parar.
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Mudei a linha de pensamento. Essa sim vale a pena! Tive o privilégio de assistir dois programas interessantes na tv (À cabo, claro! Na outra é improvável). Um documentário no canal Infinito "Los Últimos Dias Del Che" e o outro, um filme na HBO, "Kamtchaka".
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O primeiro, como o próprio nome diz, mostra os últimos dias de vida de Che Guevara, um ícone que, em nossa cultura, deveria ir muito além de fotos em camisas e bandeiras de time de futebol. Alguém que ousou trazer esperança às pessoas, viveu e lutou em nome do que acreditava ser melhor. Arriscou sua vida em prol do coletivo. Sua imagem representa a resistência, sabedoria e coragem para não aceitar tudo que nos é imposto.
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O segundo é um filme. Conta sobre um menino de oito anos e sua família que são obrigados a fugir da ditadura militar argentina. O enredo pode soar parecido com o "A Culpa é do Fidel", mas a abordagem é diferente. Apesar do foco principal do filme ser o menino e sua adaptação à nova vida, é interessante acompanhar a angústia dos pais que tentam proteger os filhos da perseguição, consequência da ousadia de se ter ideais. Entretanto, é fundamental perceber que estes ideais também são uma forma de expor o amor por seus filhos, desejando-lhes liberdade e um lugar melhor para se viver.
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Penso que a resistência, marca dos dois programas de tv, parece não ter conexão alguma com o resto do texto. Preço das passagens, ninjas, filmes, enjôo... Pergunto: você pretende viver muito? Preza sua liberdade? Quer ter filhos? Então, qual o tamanho da sua paciência?
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Nota: Citei aqui a figura de Che Guevara pela referência ao documentário, mas complemento que no Brasil também tivemos nossos ícones, como Prestes, Marighela, Jango e tantos outros torturados e/ou "desaparecidos" no período da ditadura militar. A diferença é que, lamentávelmente, os nossos não são reconhecidos.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Notícias

Ler jornal é uma prática na rotina da maioria das pessoas que vivem em grandes cidades. Contudo, é importante que esta leitura seja feita de forma crítica e com atenção. É fundamental questionar a procedência, as intenções, interesses e consequências de todas as informações recebidas e se possível procurar uma fonte alternativa para comparar o conteúdo. As palavras escolhidas para o texto também podem dizer muito sobre ele.

Não leio nem recomendo as notícias desta fonte, mas recebi essa por e-mail e me chamou atenção.

Para quem ainda não acredita que descendemos dos macacos, qualquer semelhança com o comportamento de grupos espalhados por ai, pode ser mera coincidência.

Vale ainda pensar um pouco se somos mesmo seres tão evoluídos como nos consideramos.


04/02/10 - 07h00 - Atualizado em 04/02/10 - 07h00
Macacos fogem de jaula e barbarizam em zoológico na China

Eles arrancaram penas de pavões e urinaram no tanque de peixes. Zoo foi fechado enquanto os funcionários recapturavam os macacos.


Após fugirem de sua jaula no zoológico Sha Ping em Chongqing, na China, macacos roubaram comida de turistas. (Foto: Barcroft Media/Getty Images )



Macaco segura pedaço de pau em cima de seu recinto no zoológico Sha Ping em Chongqing, na China. Após fugirem de sua jaula, os macacos arrancaram penas da cauda dos pavões e urinaram no tanque de peixes. O zoológico precisou ser fechado temporariamente enquanto os funcionários tentavam colocar os macacos na gaiola. (Foto: Barcroft Media/Getty Images)

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL1475557-6091,00-MACACOS+FOGEM+DE+JAULA+E+BARBARIZAM+EM+ZOOLOGICO+NA+CHINA.html


Em defesa dos macacos

Já que os comportamentalistas gostam de fazer experimentos com os animais para entender o comportamento humano, por que não comparar os negativos também? É mais fácil associar ao "instinto" (detesto esse conceito!) e nos "abonar" alegando que somos racionais.

Tenho certeza que este comportamento foi resposta à um estímulo que não foi citado na matéria. A maioria deles pode estar em cativeiro por toda a vida, sem contato com outras espécies (o que explicaria a agressão aos pavões), entre outras causas.

Apesar da comparação com o comportamento humano ser interessante, na primeira foto parece mais que o macaco está recebendo comida do que roubando. O aspecto ameaçador da segunda, é quase aterrorizante!


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A Música


Domingo uma grande amiga fez a seguinte pergunta: "Vocês já perceberam como a cidade anda musical?". A quantidade de pessoas conectadas em seus fones por aí está crescendo. Por isso acredito que ouvir música faz parte da rotina.

Sou louca por música e não estou apta a analisar claramente o impacto disso, pois, como tudo na vida, usar fone também tem seu lado bom e o ruim. Ele ajuda na concentração e desliga completamente dos pensamentos transcendendo a realidade (tenho certeza que não sou a única que cultiva essa relação libertadora com a música). É providencial, quase terapêutico! É o lado positivo, certo? Errado! A contradição está ai, pois esta também é a parte ruim. Lembra da questão da diversidade cultural no ônibus do post anterior? A oportunidade de aprender interagindo com pessoas diferentes foi perdida. Sem falar no prejuízo auditivo a que muitos médicos alertam e todo o blá-blá-blá. Se há tantos trabalhos e poluição sonora que causam o prejuízo, porque não fazê-lo por prazer?

Mas isso é só uma provocação para que o assunto seja pensado individualmente. Não estou disposta a deixar meu fone em casa pra fazer experimentos sociais e, sinceramente, algumas vezes até lamento um pouco encontrar pessoas conhecidas no ônibus, pois significa que não poderei ouvir música. Patológico? Eu disse que era apaixonada por música...

O que realmente gostaria de dividir é a intriga que a música "Sleight of Hand", do Pearl Jam, me causa. Se rotina é o tema, essa música é a trilha sonora. No instrumental a marcação quebrada e bem feita da bateria remete ao peso do passar do tempo. O dedilhado da guitarra lembra a nostalgio da rotina e os riffs e solos dão um toque de desespero à música. Para ninguém cortar os pulsos, a voz de Eddie Vedder equilibra com uma calma necessária aos altos e baixos que passamos.

A letra é um perigo para quem acaba de ficar mais velho. Faz pensar em como a vida se tornou o que é hoje, não como algo necessariamente ruim, mas diferente do que foi planejado. "Eu te vejo do outro lado" pode fazer pensar em morte, mas leva também à uma percepção de que é temporariamente preciso se conformar com a realidade.

O conjunto é um presente para revisar a vida. Pensar no tempo como um vilão ou um aliado. Nas escolhas como viáveis ou descartáveis. Amadurecimento, é isso que a música me passa. Os riscos que devemos correr e os freios que precisamos apertar. É o que eu gostaria de dividir.
Letra e vídeo aqui: http://letras.terra.com.br/pearl-jam/146342/ (mas ouça também a versão de estúdio)