segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Ônibus II - A Vingança das Viações

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Quando escolhi esse título pensei em fazer uma analogia aos filmes de artes marciais com o ciclo econômico daqui. Essa associação me ocorreu por conta da rapidez ninja da resposta das empresas de ônibus à tentativa frustrada do bilhete único.
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Apesar de estar longe de ser uma solução, até acredito que o bilhete possa ajudar um pouco algumas pessoas, mas fiquei realmente impressionada com as soluções que os empresários criaram para passar a batata quente do prejuízo para as mãos de outros, os trabalhadores, claro! São elas:
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1. Diminuição da frota de ônibus comuns e aumento da quantidade de carros com ar, mais caros e não contemplados no benefício;
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2. Aumento de 6% nas passagens metropolitanas. Tenho vergonha de calcular a média das intermunicipais.
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Uma mão lava a outra... e as duas esmagam o povo. Cogito qual a mente perversa que sugere uma solução dessas. Seria o anticristo? Talvez, um sujeito desses não tem mãe. Nem pai! É filho das chocadeiras a que são submetidos os ovos aguados produzidos nas granjas mercenárias - papo para outro post.
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Bom, confesso que comecei a escrever sobre o assunto. O estômago foi embrulhando, causou certo nojo. A gastrite deu um alerta, a azia queimou... melhor parar.
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Mudei a linha de pensamento. Essa sim vale a pena! Tive o privilégio de assistir dois programas interessantes na tv (À cabo, claro! Na outra é improvável). Um documentário no canal Infinito "Los Últimos Dias Del Che" e o outro, um filme na HBO, "Kamtchaka".
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O primeiro, como o próprio nome diz, mostra os últimos dias de vida de Che Guevara, um ícone que, em nossa cultura, deveria ir muito além de fotos em camisas e bandeiras de time de futebol. Alguém que ousou trazer esperança às pessoas, viveu e lutou em nome do que acreditava ser melhor. Arriscou sua vida em prol do coletivo. Sua imagem representa a resistência, sabedoria e coragem para não aceitar tudo que nos é imposto.
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O segundo é um filme. Conta sobre um menino de oito anos e sua família que são obrigados a fugir da ditadura militar argentina. O enredo pode soar parecido com o "A Culpa é do Fidel", mas a abordagem é diferente. Apesar do foco principal do filme ser o menino e sua adaptação à nova vida, é interessante acompanhar a angústia dos pais que tentam proteger os filhos da perseguição, consequência da ousadia de se ter ideais. Entretanto, é fundamental perceber que estes ideais também são uma forma de expor o amor por seus filhos, desejando-lhes liberdade e um lugar melhor para se viver.
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Penso que a resistência, marca dos dois programas de tv, parece não ter conexão alguma com o resto do texto. Preço das passagens, ninjas, filmes, enjôo... Pergunto: você pretende viver muito? Preza sua liberdade? Quer ter filhos? Então, qual o tamanho da sua paciência?
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Nota: Citei aqui a figura de Che Guevara pela referência ao documentário, mas complemento que no Brasil também tivemos nossos ícones, como Prestes, Marighela, Jango e tantos outros torturados e/ou "desaparecidos" no período da ditadura militar. A diferença é que, lamentávelmente, os nossos não são reconhecidos.

Um comentário:

Unknown disse...

Estou orgulhoso por perceber que vc separa o comentário da ideologia. E me surpreendi quão bem vc está escrevendo, já que tardiamente se interessou por ler e escrever. QUE BOM! A demora lhe trouxe amadurecimento suficiente para florar a coerência, a lógica de raciocínio e a simplicidade do vocabulário. Sou seu seguidor tem 28 anos e, contando com a sua geração, mais um pouco, o que me dá o direito de ser o nº 1.
Embora use a 1ª pessoa, sua mãe também tem a mesma opinião.
Com nosso amor.Bjs com amor e carinho
Sergio/Vilma Assis