quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Mais Sobre Carnaval


Tive a sorte de assistir exatamente o desfile da campeã do carnaval 2010. Depois de ficar estupefata com a criatividade e simplicidade com que o tema foi abordado, me vi torcendo pela escola. Tentei ver os outros desfiles para me certificar que o resultado seria justo, já que a Tijuca não é habitualmente parte das "favoritas". Claro que não consegui cumprir minhas pretensões, mas fiquei feliz com o resultado. O tema era interessantíssimo, mas como a vencedora do grupo de acesso fez apologias ao choque de ordem, acho que um assunto também misterioso poderia ter sido usado no desfile: a ditadura militar.
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Seria interessante ver carros alegóricos e alas retratando o mistério do desaparecimento de pessoas e documentos. Poderia ainda ter uma encenação dos seqüestros, torturas, invasões domiciliares e nas universidades. Imagine a ala das baianas retratando as mães desesperadas com o desaparecimento de seus filhos, uma ala infantil representando os órfãos. Para fechar com chave de ouro, um carro com um telão enorme mostrando as conseqüências sociais que sofremos até hoje por ter vivido e negado esse período. Podiam falar sobre a não inclusão do Brasil no Museu da Memória, inaugurado no Chile, por não ter uma Comissão da Verdade. Claro! Este e tantos outros temas como a exploração na colonização, a escravidão, o massacre indígena, intolerâncias religiosas..., são tratados como detalhes e escondidos na história do nosso país soberano.
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Já que o tema vencedor deste ano foi sugestão de um menino de 15 anos, ai vão várias outras para carnavais futuros. Pobre do carnavalesco Paulo Barros, que já pagou caro por sua ousadia e resistência ao lembrar o holocausto no passado. Seria muito difícil fazer pesquisas sobre a ditadura, pois falta de material disponível. Só seria justo se a repressão realmente tivesse terminado.

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