segunda-feira, 30 de maio de 2011

Subvertendo os Vingadores

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Aproveitando o dia do orgulho nerd, seja lá o que isso queira dizer, e o lançamento do filme do Thor vou me permitir algumas analogias. O cara era um Deus lindo, mas superbabaca que acredita que o mundo gira em torno do seu umbigo bem definido. Por isso, se acha no direito de invadir um mundo com a desculpa de proteger o seu (nesse momento começo a achar que o cara é um Deus norte-americano e não nórdico) para mostrar o quanto ele é bom. Ele vai lá, dá porrada em todo mundo, gira sua arma fálica que o faz voar, quase um pêniscóptero (!), e na hora do vamos ver, ele é salvo pelo papai. Papai fica puto, com toda razão, e manda o filhinho pra aprender na pior das escolas que existe: O mundo mortal!

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O que acontece lá? Adivinha? Uma mulher acaba ensinando pra ele alguns valores, mas, ele é "O Cara" e precisava salvar o mundo, volta e, na atitude mais idiota de todas, quebra a única ponte que poderia fazê-lo encontrar a menininha novamente. Como se não bastasse, ele promete voltar e fica lá de cima vigiando a menina, ou seja, ilude a pobre coitada e ainda a mantém presa nessa ilusão. Não é à toa que ele é o arquétipo da masculinidade na sua cultura de origem. Deveria ser em todas...

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Tem o Hulk também. Vi o filme mais antigo novamente essa semana. Logo no início do filme, a Betty fala o que já vale muito mais do que todo o drama existencial do pobre Bruce Benner:

- "Tudo bem, Bruce. Você é só mais um sub-produto da minha obsessão por homens emocionalmente distantes."

Devia ser tatuado no braço como aquelas frases "Amor de mãe", sabe?

A menininha, fragilizada em seu complexo de Electra, passa o filme todo com olhar perdidamente apaixonado enquanto o amado luta contra sua autoagressividade e, lógico (!), eles não podem ficar juntos porque suas "bolinhas verdes" não se desenvolvem tanto quanto o resto de seu corpo. Não acho que isso seja prudente. Imagine se ele tem um acesso de raiva durante a masturbação... Tenso! Como um altêntico macho-alfa, no fim, ele foge de tudo, principalmente dele mesmo, suas frustrações e vontades, deslocando essa energia para seu megalomaníaco desejo de salvar o mundo. Ah, não! Nem isso! Ele se mete no meio do mato pra achar a cura e, entre uma ervinha e outra, ele ajuda uma pessoa aqui, outra acolá.

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Já ouvi dizer que herói de verdade é o Tony Stark. Ele não esconde sua identidade. Sem a armadura é um homem comum e, por isso, um galinha. Tem dois superpoderes: a inteligência, com a qual manipula a tolinha da Pepper, e a gorda herança, que garante que ele "pegue geral". Como sabe que tem a 'pimentinha' sempre por perto, uma verdadeira companheira que o apoia incondicionalmente, usa esse sentimento para alimentar toda a megalomania do Homem de Ferro, pois sabe que fez besteira no passado e tenta aliviar sua culpa usando como desculpa salvar o mundo e deixa dúvidas se a armadura não é mais uma auto-afirmação.

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O interessante é pensar, como publicou a revista "Info" deste mês, a popularização da cultura nerd. Ser inteligente agora é 'cool'! O sucesso da série "The Big Ben Theory" no Brasil talvez seja mais um indício disso. Todos os filmes da Marvel que estão saindo levam as pessoas ao cinema e nas filas, além de algumas perguntas básicas, você pode presenciar o que vi essa semana. Um senhor conversava com um amigo e dizia que não sabia do que se tratava o filme, mas que ele estava superbadalado. Nossa, como eu lamentei ouvir isso!!! Como costumo dizer, vivo em um limbo cultural, não sou 'in' o suficiente para ser considerada nerd ou tão 'out' para ser normal, mas consigo manter um diálogo saudável com os amigos que fazem parte desse supervalorizado clubinho cult.

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O que mais me irrita é pensar no produto do cruzamento desse enaltecimento dos nerds e a superpopulação feminina - no Rio de Janeiro, pelo menos. Você anda pelas ruas e vê um casal de "periguete" e um carinha de óculos e camisa do Lanterna Verde! A fragilidade egóica do nerd, que o faz mergulhar no mundo imaginário dos quadrinhos, é exatamente o que atrai esse tipo de menina. É muito mais fácil manipular um cara assim pra manter uma relação de poder baseada em relacionamentos estereotipados hegemonicamente. Sempre falei sobre isso com um amigo, mas associando a cultura grunge, se é que se pode chamar de cultura sem aprisionar o movimento. Ser "Eddievedderiano" é ter seu complexo de inferioridade compensatório expresso publicamente quando, na verdade, seu ego é do tamanho do mundo imaginário que ele mergulhou a vida inteira.

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E ai, o que fazem as Janes, Bettys e Peppers? Deixam sua personalidade de lado e tornam-se manipuladoras pra participar da briga ou honram a identidade mantendo alguma integridade?

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